
Dor no pescoço que irradia para os ombros, braços ou até as mãos é um sintoma cada vez mais comum entre adultos jovens e de meia idade. O que muitas pessoas ainda não sabem é que esse desconforto pode estar relacionado a disfunções sérias na coluna cervical — a porção superior da coluna vertebral, responsável por sustentar a cabeça, proteger a medula espinhal e permitir a mobilidade do pescoço.
Em consultório, é frequente o relato de pacientes que começam com uma rigidez leve ao virar a cabeça e, com o passar dos dias, passam a sentir formigamento nos braços, perda de força nas mãos e dores irradiadas que dificultam atividades básicas como dormir ou trabalhar no computador. Embora, em muitos casos, a origem do problema esteja relacionada à má postura e tensões musculares, há situações em que alterações mais profundas exigem investigação médica imediata.
Entre os diagnósticos mais comuns associados à dor cervical estão a hérnia de disco, a artrose (desgaste articular), a estenose do canal vertebral e os desalinhamentos estruturais da coluna. O incômodo tende a se agravar com o passar do tempo quando não tratado corretamente, podendo gerar impactos neurológicos importantes, como a redução de reflexos e sensibilidade nos membros superiores.
O tratamento conservador ainda é a principal abordagem na maioria dos casos. Técnicas como fisioterapia especializada, osteopatia, reeducação postural (RPG), fortalecimento muscular e até uso de mesas de tração cervical têm mostrado resultados bastante eficazes. O objetivo é reduzir a inflamação, aliviar a pressão sobre os nervos, restaurar a mobilidade e reequilibrar a função da musculatura que sustenta a cabeça e os ombros.
No entanto, em quadros mais avançados, quando há falha no tratamento clínico ou sinais de comprometimento neurológico evidente, a cirurgia passa a ser uma opção considerada. Diferente do que muitos imaginam, esse tipo de procedimento evoluiu significativamente nos últimos anos. A cirurgia endoscópica da coluna cervical é hoje uma das alternativas mais seguras e modernas, com mínima invasividade, recuperação mais rápida e preservação das estruturas ao redor da lesão.
Durante o procedimento, uma pequena câmera é inserida através de uma incisão mínima, permitindo ao cirurgião visualizar e tratar a área afetada com precisão. A técnica é indicada principalmente para casos de hérnia de disco cervical com compressão neural, estenose do canal e outros distúrbios que não respondem às terapias conservadoras.
O ponto-chave, no entanto, continua sendo o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo os sintomas forem avaliados por um especialista, maiores as chances de evitar agravamentos e complicações. Dores persistentes no pescoço, dormência nos braços ou perda de força nunca devem ser tratadas como algo normal.
Cuidar da coluna cervical é uma forma direta de preservar a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida. Se você percebeu que a dor já dura mais do que deveria, procure avaliação médica especializada e conheça as possibilidades de tratamento adequadas ao seu caso.